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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Bike fit: tecnologia em prol da modalidade

Olá leitores! O texto de hoje é do meu amigo e companheiro de profissão, Dr. Guilherme Branco. O artigo está muito interessante, principalmente para os amantes da bike! Guilherme apresenta o atual cenário a partir dos avanços tecnológicos da modalidade, que auxiliam na manutenção da plena saúde do atleta! Espero que gostem! Um abraço, Rodrigo Lara

 Bike fit: tecnologia em prol da modalidade 

O mundo contemporâneo vem observando uma evolução tecnológica espantosa ao longo destes últimos anos. E para o ciclismo, isso não é diferente. Essa modalidade definitivamente ingressou numa nova era, na qual o desenvolvimento de equipamentos e treinamentos de excelência vem sendo perseguido cada vez mais, grande parte das vezes pautado por ciência de ponta.

Diante desse cenário, as exigências para a prática do esporte vêm se tornando cada vez maiores naturalmente, já que equipamentos com elevado teor de tecnologia exigem abordagens mais precisas do ponto de vista quali e quantitativo. E é neste contexto que o bike fit vem ocupando seu espaço.

De maneira geral, o bike fit é um processo de análise do conjunto bike-ciclista e adequação da bike, através de ajustes de seus componentes, às características físicas individuais do ciclista. Seu principal propósito é manter os principais segmentos corporais sobrecarregados e envolvidos na atividade dentro dos limites de normalidade e de segurança.

Esse processo de adequação leva em conta que a interação entre a bike e o ciclista ocorre através de três pontos de apoio: pedais, selim e guidão. Caso estes pontos não estejam adequadamente equilibrados, o conforto certamente sofrerá influências negativas, a partir do que pontos de pressão, atrito aumentado e sobrecarga mecânica ocorrerão. Assim, ao se realizar o bike fit, as relações entre estes três pontos e o ciclista são harmonizados de modo a prover maior conforto possível, considerando-se as particularidades de cada indivíduo e seus objetivos com a prática esportiva.

O surgimento do bike fit se deu com base nas crenças sobre como o ciclista deveria se apresentar sobre a bike, sem considerar as características individuais do mesmo. Gradativamente, foi incorporando a consideração dos aspectos corporais dos atletas, inicialmente, de modo generalizado e padronizado para todos e sem o uso de dados.


Com o desenvolvimento do treinamento esportivo e dos métodos de prevenção de lesões, surgiu a necessidade de considerar estes aspectos pessoais dos ciclistas e o uso de dados quantitativos. Desse modo, foram criados métodos para realização do fit que utilizavam medidas dos segmentos corporais inseridas em fórmulas e equações de origem inexplicada e/ou desconhecida ou métodos sem utilização de parâmetros bem estabelecidos. Apesar de ser o início da atenção à importância das proporções corporais, estes métodos eram pouco precisos do ponto de vista individual e não consideravam a maneira como o ciclista pedalava.

Finalmente, surgiram os métodos individuais, que consideram a variabilidade anatômica do ciclista como tamanho da coxa, da perna e do pé e posicionamento dos tacos e a variabilidade dos equipamentos e das possibilidades de seus ajustes. Dentro desses métodos, há duas linhas de trabalho: o bike fit estático e o bike fit dinâmico. Ambos utilizam-se de dados quantitativos e se preocupam com as características corporais do atleta. A principal diferença entre eles é que o método estático analisa o ciclista parado sobre sua bike em determinadas posições da pedalada e infere que estes posicionamentos ocorrem durante o dinamismo da prática. Já o método dinâmico utiliza-se da análise do ciclista sobre sua bike durante a pedalada, muitas vezes utilizando-se de intensidade de prática similar à enfrentada pelo atleta durante sua performance na trilha ou na estrada. Isso faz com que a análise se aproxime ao máximo da realidade enfrentada na prática.

O Bike Fit considera, então, a individualidade do ciclista, desde a avaliação inicial de postura, flexibilidade, força e equilíbrio musculares até a implementação dos ajustes dos componentes da bike. Esse cuidado e toda a atenção dispensada no processo são fundamentais, pois a correção de pequenos detalhes pode proporcionar uma grande diferença para o ciclista.

Os ajustes realizados durante o processo do fit se direcionam para otimizar as ações musculares e proteger as articulações das excessivas cargas desnecessárias, visando assim contribuir para a redução do aparecimento de lesões nos ciclistas. Além disso, sabe-se que o alinhamento mecânico possui impacto direto sobre a eficiência dos músculos que agem sobre cada articulação. Ao se obter alinhamento o mais próximo do ideal, maior vantagem mecânica dos músculos e maior conforto sobre a bike são alcançados. Com a otimização do conforto e do alinhamento, pode-se ter uma influência substancial e positiva na performance do ciclista.

Outro ponto importante é que o bike fit não se restringe a um grupo seleto de pessoas. Em princípio todos os praticantes de ciclismo podem se beneficiar das adequações efetuadas durante este processo, independente da modalidade praticada, dos objetivos da prática e da experiência no esporte. Dessa maneira todo o processo de adequação poderá ocorrer indistintamente para praticantes de mountain bike, speed, triathlon, contra-relógio, cicloturismo e ciclistas urbanos, desde o entusiasta, passando pelo amador e chegando ao atleta de elite. Faça sua experiência e verifique o que a tecnologia pode fazer por você e sua bike!

Dr. Guilherme Ribeiro Branco
Fisioterapeuta
CREFITO-4 / Nº 70407-F
Especialista em Fisioterapia Esportiva
SONAFE 272

Sócio-diretor e Fitter BIKE FIT BH

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