Olá leitores! O texto de hoje é do meu amigo e companheiro de profissão, Dr. Guilherme Branco. O artigo está muito interessante, principalmente para os amantes da bike! Guilherme apresenta o atual cenário a partir dos avanços tecnológicos da modalidade, que auxiliam na manutenção da plena saúde do atleta! Espero que gostem! Um abraço, Rodrigo Lara
Bike fit: tecnologia em prol da modalidade
O mundo contemporâneo vem
observando uma evolução tecnológica espantosa ao longo destes últimos anos. E para
o ciclismo, isso não é diferente. Essa modalidade definitivamente ingressou
numa nova era, na qual o desenvolvimento de equipamentos e treinamentos de
excelência vem sendo perseguido cada vez mais, grande parte das vezes pautado
por ciência de ponta.
Diante desse cenário, as
exigências para a prática do esporte vêm se tornando cada vez maiores naturalmente,
já que equipamentos com elevado teor de tecnologia exigem abordagens mais
precisas do ponto de vista quali e quantitativo. E é neste contexto que o bike
fit vem ocupando seu espaço.
De maneira geral, o bike fit é um
processo de análise do conjunto bike-ciclista e adequação da bike, através de
ajustes de seus componentes, às características físicas individuais do
ciclista. Seu principal propósito é
manter os principais segmentos corporais sobrecarregados e envolvidos na
atividade dentro dos limites de normalidade e de segurança.
Esse processo de adequação leva
em conta que a interação entre a bike e o ciclista ocorre através de três
pontos de apoio: pedais, selim e guidão. Caso estes pontos não estejam
adequadamente equilibrados, o conforto certamente sofrerá influências
negativas, a partir do que pontos de pressão, atrito aumentado e sobrecarga
mecânica ocorrerão. Assim, ao se realizar o bike fit, as relações entre estes
três pontos e o ciclista são harmonizados de modo a prover maior conforto
possível, considerando-se as particularidades de cada indivíduo e seus
objetivos com a prática esportiva.
O surgimento do bike fit se deu
com base nas crenças sobre como o ciclista deveria se apresentar sobre a bike,
sem considerar as características individuais do mesmo. Gradativamente, foi
incorporando a consideração dos aspectos corporais dos atletas, inicialmente,
de modo generalizado e padronizado para todos e sem o uso de dados.
Com o desenvolvimento do treinamento esportivo e dos métodos de prevenção de lesões, surgiu a necessidade de considerar estes aspectos pessoais dos ciclistas e o uso de dados quantitativos. Desse modo, foram criados métodos para realização do fit que utilizavam medidas dos segmentos corporais inseridas em fórmulas e equações de origem inexplicada e/ou desconhecida ou métodos sem utilização de parâmetros bem estabelecidos. Apesar de ser o início da atenção à importância das proporções corporais, estes métodos eram pouco precisos do ponto de vista individual e não consideravam a maneira como o ciclista pedalava.
Finalmente, surgiram os métodos individuais,
que consideram a variabilidade anatômica do ciclista como tamanho da coxa, da
perna e do pé e posicionamento dos tacos e a variabilidade dos equipamentos e
das possibilidades de seus ajustes. Dentro desses métodos, há duas linhas de trabalho:
o bike fit estático e o bike fit dinâmico. Ambos utilizam-se de dados
quantitativos e se preocupam com as características corporais do atleta. A
principal diferença entre eles é que o método estático analisa o ciclista
parado sobre sua bike em determinadas posições da pedalada e infere que estes
posicionamentos ocorrem durante o dinamismo da prática. Já o método dinâmico
utiliza-se da análise do ciclista sobre sua bike durante a pedalada, muitas
vezes utilizando-se de intensidade de prática similar à enfrentada pelo atleta
durante sua performance na trilha ou na estrada. Isso faz com que a análise se
aproxime ao máximo da realidade enfrentada na prática.
O Bike Fit considera, então, a
individualidade do ciclista, desde a avaliação inicial de postura,
flexibilidade, força e equilíbrio musculares até a implementação dos ajustes
dos componentes da bike. Esse cuidado e toda a atenção dispensada no processo
são fundamentais, pois a correção de pequenos detalhes pode proporcionar uma
grande diferença para o ciclista.
Os ajustes realizados durante o
processo do fit se direcionam para otimizar as ações musculares e proteger as
articulações das excessivas cargas desnecessárias, visando assim contribuir
para a redução do aparecimento de lesões nos ciclistas. Além disso, sabe-se que
o alinhamento mecânico possui impacto direto sobre a eficiência dos músculos
que agem sobre cada articulação. Ao se obter alinhamento o mais próximo do
ideal, maior vantagem mecânica dos músculos e maior conforto sobre a bike são
alcançados. Com a otimização do conforto e do alinhamento, pode-se ter uma
influência substancial e positiva na performance do ciclista.
Outro ponto importante é que o
bike fit não se restringe a um grupo seleto de pessoas. Em princípio todos os
praticantes de ciclismo podem se beneficiar das adequações efetuadas durante
este processo, independente da modalidade praticada, dos objetivos da prática e
da experiência no esporte. Dessa maneira todo o processo de adequação poderá
ocorrer indistintamente para praticantes de mountain bike, speed, triathlon,
contra-relógio, cicloturismo e ciclistas urbanos, desde o entusiasta, passando
pelo amador e chegando ao atleta de elite. Faça sua experiência e verifique o
que a tecnologia pode fazer por você e sua bike!
Dr. Guilherme Ribeiro
Branco
Fisioterapeuta
CREFITO-4 / Nº
70407-F
Especialista em
Fisioterapia Esportiva
SONAFE 272
Sócio-diretor e
Fitter BIKE FIT BH
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