Bom dia leitores! Dando sequência à modalidade ciclismo aqui no blog, meu colega Guilherme Branco escreveu um artigo sobre as lesões mais recorrentes que podem atingir os atletas desse segmento esportivo. Espero que gostem!
Um abraço,
Rodrigo Lara
Lesões no ciclismo - parte 1
O ciclismo é uma atividade que
não envolve descarga direta de peso corporal sobre os membros inferiores. Tal
característica, em tese, deveria fazer com que as lesões decorrentes da sua
prática, com exceção das traumáticas, fossem menos prováveis. Entretanto, sabe-se que posturas
sustentadas e movimentos repetitivos podem gerar alterações no sistema
musculoesquelético, o principal responsável pelos nossos movimentos.
Analisando
a atividade, o ciclismo engloba exatamente estes dois padrões de comportamento:
movimentos repetitivos para os membros inferiores e posturas relativamente
sustentadas para tronco e membros superiores. Além disto, os períodos de tempo
gastos no treinamento e nas competições comparativamente a muitos outros
esportes são bem maiores para o ciclismo. Assim, estes fatores geram padrões de
lesões por sobrecarga (também denominada pelo termo em inglês overuse) únicos ao ciclismo.
As lesões por sobrecarga podem
afetar os ciclistas profissionais e os amadores de maneira diferente,
especialmente devido à vasta diferença na exposição à atividade entre estes
dois grupos. Um estudo realizado com ciclistas amadores identificou uma média
anual de volume de treinamento de 7.114 Km e uma participação em 2.9 eventos
não competitivos por ano. Os ciclistas profissionais, por outro lado, relataram
entre 25.000 e 35.000 Km e 50 a 110 dias de competição intensa por ano.
Inúmeros estudos investigaram
lesões por overuse em ciclistas
amadores. Neste grupo, sabe-se, de maneira unânime, que as lesões de joelho, coluna
lombar, coluna cervical (pescoço) e punhos/mãos são identificadas.
Já para ciclistas profissionais,
um estudo recente verificou que a maioria das lesões que mereceu cuidados
médicos foi dor lombar (46%), dor no joelho (23%) e dor na coluna cervical (10%).
As lesões que levaram a afastamento das atividades tiveram um padrão levemente
diferente, com a dor no joelho a mais comum (57% - mais da metade) seguida pela
dor lombar (17%) e lesões na perna ou no tendão de Aquiles (13%). Além disso,
independente do local lesionado, 39% das lesões que levaram à procura de
assistência médica não afetaram a habilidade dos atletas em participar de
treinos e competições, 36% levaram a uma redução tanto no desempenho em
competições quanto no volume de treinamento e 24% levaram a perda de 1 ou mais
dias de treinamento ou competição.
De uma maneira geral, as lesões
esportivas no ciclismo podem estar diretamente ligadas a fatores relacionados à
postura, à flexibilidade e aos padrões de movimento do ciclista durante a
pedalada. Assumir posturas incorretas na bike ou realizar movimentos que exijam
muito mais energia do ciclista podem gerar lesões nos pés, tornozelos, joelhos,
quadris, coluna, punho e mãos.
Desse modo, a identificação de
fatores de risco ou mesmo causais de lesões é fundamental para a abordagem
diferenciada que o ciclista necessita para prevenção e recuperação, otimizando
sua prática e seu desempenho.
Dr. Guilherme Ribeiro
Branco
Fisioterapeuta
CREFITO-4 / Nº
70407-F
Especialista em
Fisioterapia Esportiva
SONAFE 272
Sócio-diretor e
Fitter BIKE FIT BH